A BOCA*
A BOCA
Aquela boca…
A sua existência
Tão próxima quanto distante
De mim
Salta aos meus olhos
Brilhante.
Parece moldura que esconde
Um grande mistério,
Lábios carnosos,
Tão delicados,
Finos,
Charmosos.
São apetitosos
Como uma saborosa
Frutada da estação
No altar dos desejos,
Cor de carmim,
Que dá água na boca,
Voluptuosa.
Órgão anatômico
Como adorno
Que inebria.
Mas, por que tão evocativo?
Por que são os lábios provocativos,
Sedutores e persuasivos,
Provocando suspiros?
Que fascínio é esse
Que exercem sobre os mortais?
Que lhes aperta o peito,
Sufoca-lhes a respiração,
Induzem-lhes a embarcar
Num sortilégio,
Pura sedução.
No íntimo,
Evocam inefáveis desejos
Ocultos no peito;
São oriundos de paixões intangíveis
Por algo tão imponderável
Quanto proibido,
Amores impossíveis…
Paulo Rebelo, o médico poeta
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