A FORMA ORIGINAL*
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Assim é o ser humano:
Uma inquietante imperfeição mutante,
Equilibrando-se na linha do tempo,
Em cima de um cabo de aço,
Cujo vão é interminável,
Atravessando o abismo
Assustadoramente profundo.
Após largas braçadas contra a maré,
Ele termina nas areias de praia,
Com o seu nome nela inscrito,
Lembrando-lhe de quem é;
Um náufrago que precisa continuar a nadar.
Então, ao fim da longa travessia,
Quando ele se olha no espelho,
Já não se reconhece mais;
É outro ser tão diverso na forma
Que parece ser um estranho dentro de si,
Alguém completamente diferente
Em busca da forma original.
Paulo Rebelo, o médico poeta.