A JANELA*
A JANELA
É da janela
Onde espio
A vida lá fora,
A minha aqui dentro.
De onde sinto
Um estranhamento.
E calo-me
Como grito
Preso na garganta,
Num algoz sofrimento.
Que a vida congelasse,
Que não me açoitasse
Deixando-me marcas ao vento.
Que o tempo
Não me condenasse à velhice
À dor de idas memórias,
Ao esquecimento…
Paulo Rebelo, o médico poeta.