A ESTRADA*
A ESTRADA
Por Paulo Rebelo
A estrada
Que é minha,
Às vezes,
É colorida,
Tão clara,
Outras vezes,
Tão escura
E cinza.
Ora é uma reta
Ora perigosa curva,
Ora estreita
Ora larga.
Ora pavimentada
Ora crua.
Imaginei que a estrada
Estivesse livre,
Limpa
E segura
Mas, um dia,
Tornou-se
Íngreme
Incerta,
Acidentada
E suja.
Tinha a impressão
Que era longa
A perder de vista
Mas, agora,
Depois de tanto andar,
Já não tenho mais tanta certeza;
Parece curta.
Acreditava
Que sabia
Para onde ia,
Todavia me perdi,
Me feri
E para sobreviver
Tive que cortar caminhos
Como garantia.
A minha estrada
Tem muitos desvios;
Nunca foi bem sinalizada,
Muitas vezes,
Termina num abismo,
Num beco sem saída,
Numa encruzilhada.
Ainda assim
É minha solitária
Caminhada.
Paulo Rebelo, o médico poeta.