O MÉDIUM*
O MÉDIUM
Há muitos anos,
Já não sei quantos,
Desde quando
Passei a sentir
Coisas estranhas
Como sentir que alguém,
Um cliente,
Meu paciente
Estaria próximo de morrer.
Que coisa insana!
Antigos professores meus
Hão de dizer:
“Filho, nenhum mistério;
É teu olho clínico
Que explana”.
Então,
Sem mais nem menos
Eu pensava:
Onde está o fulano,
Beltrano ?
Sinto falta,
Estou com saudades
De ciclano!
Assim,
Na semana seguinte,
Lá estava ele,
No meu consultório,
Como num passe de mágica,
De minha mente,
Materializado na minha frente!
Alegremente,
Eu o mirava,
Sem desconfiar de nada,
O cumprimentava
Apertando a sua mão,
Fitando nos olhos
Ou o abraçava,
Fraternalmente,
Sentido o seu coração.
Mas, logo em seguida,
Após o exame físico,
Mesmo sem nenhum exame
de laboratório,
Aparentemente tudo normal,
Subitamente,
Tomado de profunda
Tristeza,
Ao sentí-lo,
Certeiro,
Pensava:
Ele veio apenas
para se despedir de mim
Para me dizer ADEUS,
Antes que sua alma
Seja entregue a DEUS.
Acredite:
Um belo dia,
Pouco tempo depois,
Ressabiada,
Lá vinha a secretaria
Dizendo: “sabe o seu fulano?…”
Meu paciente,
Ele desencarnara.
Eu já sabia,
Eu já o sentia.
Paulo Rebelo, o médico mediúnico.
P.S. Apesar de não aceitar, curiosamente, sempre convivi com isso. Hoje, não mais.