A VIAGEM*

A VIAGEM
Por Paulo Rebelo

(Texto existencialista com forte componente espiritual).
💐💐💐

Às vezes,
Não sei…
Sinto um peso
Na consciência,
Algo estranho,
Que não tem tamanho
Por certo, não tenho
Culpa,
Mas ainda assim
Sinto-me condenado,
Para sempre
Responsabilizado,
Sentenciado,
Cúmplice de um crime
Que não participei
Sequer testemunhei
Nem colaborei.

A morte de minha consciência,
De não ter estado ao teu lado,
Quando mais precisaste
De alguém,
De mim, pensei.
Sabe lá desde quando
Estiveste assim.
Ninguém saberá
O porquê.
Não avisaste,
Mas em algum momento
Assinalaste
Que estiveste à mingua,
À propria sorte
Abandonado.

Ninguém te ouviu?
Nem viu nem sentiu?
Nem imaginou?
Ah! alguém fingiu.

Poderia ter sido eu,
Aliás, qualquer um de nós.
Ter solenemente ignorado.
Todos estávamos muito
Ocupados.

E, então,
Sem consultar ninguém
Nem ao teu CRIADOR,
Resolveste deixar esse Mundo,
Sem dizer adeus,
Sem explicação.
Abriste um buraco
Na alma de todos
Que contigo faleceram
Um pouco.

Não ter vivido tua vida,
Não saber de tuas lutas,
Tuas feridas
Foi o homicídio culposo.
Perdão!

Passei a elucubrar
Para onde foste,
Depois, para onde irás?
Se um dia voltarás.
Esperarás por mim?
Se vamos nos encontrar,
O local.
Quando?
Mandarás um sinal?

Assim, terminei solitário
Na estação
Te vendo sumido
À distância,
Sem poder evitar,
Pensando na minha
hora da partida.
Um misto de inquietação
E resignação,
Um conhecimento inescrutável,
Sem solução humana.
Acessível apenas a DEUS.

Um grande ponto de interrogação.

Paulo Rebelo, testemunha de um suicida.

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