O PROTAGONISTA*

O PROTAGONISTA
Paulo Rebelo

Às vezes,
me pergunto se vida é assim mesmo;
compulsoriamente nascer
e um dia previsivelmente morrer
numa viagem de destino incerto
e sem volta,
como quem vai para a forca
sem atenuantes,
sem saber exatamente
o porquê.

E nesse interregno,
boa parte da existência
viver para lutar,
fugir e sonhar,
a cumprir um roteiro
predeterminado,
confundindo sonho e realidade,
nem tudo são flores,
do qual sou completamente prisioneiro.

Algo como um teatro de horrores,
compelido a protagonista,
ao lado de estranhos coadjuvantes
e figurantes,
quando nada disso queria viver.

Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.

P.S. O texto é existencialista.

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