CARTA AO MEU QUERIDO AMIGO*
Desde já saudades!
Agora de volta para a minha terra, vou embora desse belo lugar onde fui tão bem recebido e tratado por todos, desde já saudoso de ti e do frescor bucólico de tuas montanhas, sentindo na pele do aroma de tuas florestas, a atmosfera de teu idílico vilarejo e do aconchego de teu lar.
Lembrar-me-ei do cheiro da culinária dos pratos de tua mulher, da algazarra matinal de teus filhos e, sobretudo, do burburinho de nossas intermináveis conversas ao lado de teus familiares, no fausto almoço domingueiro.
Portanto, gostaria de expressar-te o seguinte, meu amigo: o meu eterno agradecimento pela tua generosidade e hospitalidade. Há muito tempo ficarão para trás contigo nessa terra abençoada, o meu coração e pensamentos, que sob os primeiros raios tépidos de sol e frescor da manhã desfar-se-ão como gotas de mel e lágrimas em forma de aerossóis dançando alegremente ao vento, à medida que nos distanciamos uns dos outros, a tua imagem e dos teus se fortalecem na minha memória, incorporando-se nostálgica e definitivamente em meu coração.
Num afeto mútuo, eternamente, então, todos juntos estaremos como delicadas partículas aromáticas em perene suspensão, um inebriante sabor incrustado em nossas almas, companheiras de uma longa viagem de vida, dessa forma, permeando por todo lugar onde quer que estejamos em mente e em espírito.
Assim, por nossa amizade, para todo o sempre, seremos uma só pessoa no amanhã.
Paulo Rebelo, o médico poeta.