A AVENTURA*

A AVENTURA

(O reencontro)

 

Até onde posso ir seguro nessa vereda sem cair no abismo?
Porquanto nesse caminho sinuoso,
Encantado pela paisagem ao redor,
Há perigos.

 

Em algum momento,
Imaginei que essa era a estrada a seguir e então,
Absorto, de repente, cai.
Debaixo de nuvens escuras,
Estava eu perdido.

 

Os olhos dos que me amam
Para trás cansados
À distância ficaram.
E aflitos.

 

Aquilo que parecia uma furtiva aventura tornou-se uma alucinação.
Ainda assim,
Cri que ter chegado nesse ponto havia válido a pena,
Do belvedere,
De tão mesmerizado que estava
A partir das intensas emoções sentidas,
Sem me dar conta de que há muito tempo deveria ter dito:
Isso é um sonho,
Próximo da loucura:
“Agora descerei”.

 

Então, depois de muito perambular pela mata,
Dei-me conta de que eu havia tomado o caminho errado.
Lá atrás tomei o atalho em busca de emoções nunca dantes vividas,
De sentimentos intensos,
Experiências inquietantes,
Contraditórias.


Aquele sendeiro não era desprovido de armadilhas e percalços.
É que, de fato, havia uma faixa interditando a passagem
Que desprezei…

 

Assombrei-me com o que senti
De um turista,
Tornara-me um aventureiro contumaz,

 

Um dia, finalmente, desci a montanha.

Lá estavam todos a me esperar.

 

Durante muito tempo me indagava se valera a pena,
Então, um pálido filme voltava na minha cabeça
rico em detalhes que logo se desfaziam;
eram experiências que ficaram para trás,
eram experiências que ficarão para sempre.

 

Algo dentro de mim mudou.

 

Paulo Rebelo, o médico poeta.

 

 

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