PERDAS*

Perdas

Ao vir ao mundo,
nasci rico,
muito rico.
Tão afortunado que não sabia.

 

Rico em planos,
amores mundanos.
Sonhos insanos.

 

A ampulheta corria,
o tic-tac batia,
eu mal ouvia.
“Deixa correr”, dizia.

 

Assim,
achei que tinha tempo para tudo,
todo o tempo do mundo,
era já o fim do pouco ou quase nada
que me restava,
alguém que esbanja,
como a vela que gasta.
Como a última gota de chuva.

 

Perdi a hora,
Vi o amor partir.
Perdi o “timing”.

 

O trem partiu,
o navio zarpou
o avião decolou sem mim.
Não entendi.
Assisti tudo terminar
como num filme cortado no meio. 

No bolso, ainda me restava uma passagem.
Assim, corri para recuperar no tempo perdido
o que havia perdido,
o que deixei escapar de mim,


Aquilo que verdadeiramente me fazia sentido na vida.


✈✈✈

 

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