CORRENTEZA*

CORRENTEZA

Antes eu era como águas

Que alucinadas despencavam

Do alto da cachoeira no abismo

Num véu de noiva,

Se dispersando em aerossóis

Levadas aos céus

Ao sabor dos ventos

Juntavam-se numa

Grande correnteza indômita

À jusante,

Invadindo as margens do rio,

Carregando tudo pela frente,

Incessante.

Até que um dia,

Depois de tanto correr cansou

E então, resignada caminhou

Serenamente

Em direcão à imensidão

Do mar azul profundo…

Paulo Rebelo , médico escritor e poeta

Imagem: Cachoeira de Salto Angel (Venezuela)

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