UM MÉDICO PARA CHAMAR DE SEU*

UM MÉDICO PARA CHAMAR DE SEU

Por Paulo Rebelo

O sonho de consumo das classes C e D é formar um filho (a) médico, de preferência, numa faculdade privada através do dinheiro público (FIES), uma vez que a maioria dos estudantes egressos da educação pública não tem conhecimento o suficiente para competir para uma vaga nas universidades médicas federais. Abriram-se faculdades médicas a rodo para satisfazer a pressão social, a ambição política de autoridades públicas por poder, e de empresários e investidores na área da educação. É um veio de ouro. O Brasil só perde para a Índia em números de faculdades médicas. Para se ter uma ideia, a Índia tem mais de 600 faculdades médicas, o Brasil tem 390. No país, no momento, há 294 processos de pedidos para abertura de novas escolas de medicina em andamento no Ministério da Educação. Um absurdo! Eles se distribuem por 182 municípios, sendo que 130 deles já sediam pelo menos um estabelecimento de ensino desse tipo. 73% dos municípios candidatos a receber escolas médicas não têm infraestrutura adequada. Os dados fazem parte de levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Alguém quer saber se essas instituições abertas a toque de caixa tem condições de oferecer um bom ensino? Não, ninguém. A ordem é formar e doutrinar médicos com verve socialista, segundo o Lula, “para acabar com a elite médica brasileira que só atende rico”, todavia ele é tão hipócrita que ele mesmo é atendido em um dos melhores hospitais privados do país, com direito a mimo, paparicagem e bajulação de seus médicos assistentes-Hospital Sírio Libanês, além do excelente serviço médico de ponta, comparável ao dos melhores do mundo.O Programa Mais Médico foi o “couvert” com a vinda de milheres de médicos cubanos e em seguida, milhares de estudantes brasileiros egressos de faculdades em Cuba, Bolívia e no Mercosul. A esquerda populista e paternalista luta para acabar com o REVALIDA até hoje, que reprova em massa estudantes graduados no exterior.Acredito que seja maravilhoso um jovem desejar ser medico, ainda mais vindo das classes menos privilegiadas (sim, ele é muito bem-vindo), mas seguramente, já parte para a briga em desvantagens. Sem condições financeiras e sem nada para oferecer em troca para arcar com o financiamento estudantil público, exceto de assumir o compromisso de pagar o empréstimo federal, só lhe resta pedir pela ajuda divina ou que o governo federal perdoe a dívida como sempre faz. O sistema de cotas facilita ainda mais a entrada de “excluidos e minorias”. Assim qualquer um pode ser médico no Brasil, mesmo sem base estudantil ou vocação. Aliás, o governo de Lula tem uma fixação mórbida em formar “médicos comunistas para chamar de seu” para atender o povo desassistido em todos os cantos do país, seus eleitores.O paradoxo disso tudo é que, uma vez graduado, esse novo médico passa a sentir o sabor de uma vida melhor-a classe média; abandona a vida de muitas dificuldades nos interiores desassistidos, muda para os grandes centros e com orgulho passa a fazer parte da elite médica, outrora repudiada por sua classe social e LULA.

Paulo Rebelo, médico, escritor e poeta.

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