CÚMPLICES*
CÚMPLICES
Por Paulo Rebelo
“O médico e o seu paciente
na terminalidade comungam o mesmo espaço;
diante da impotência de ambos,
pouco ou nada mais a dizer ou fazer,
quando advém o profundo silêncio acolhedor no vazio existencial da dor,
local esse que dá espaço
para que ela se manifeste em toda a sua plenitude,
e quando esta não tiver mais nada a dizer a ambos,
que amaine até desaparecer por completo
na vastidão de almas resignadas e, finalmente, libertas”.
Assim é a fraterna relação entre médico e seu paciente;
no silêncio penetrante da dor avassaladora que consome ambos,
ocorre o maior dos diálogos entre cúmplices, que escapa completamente à compreensão da maioria dos mortais”.
Paulo Rebelo, o médico-poeta