CRÍTICA DE JORGE PAULINO

A PARTIR DA CRÍTICA ABALIZADA ABAIXO, PASSEI A CONSIDERAR ME DEFINIR COMO ESCRITOR. ATÉ ENTÃO, NÓS NÃO NOS CONHECÍAMOS.

Paulo Rebelo

A CRÍTICA por Jorge Paulino, doutor em LITERATURA BRASILEIRA E LINGUA PORUGUESA

“O início da leitura do poema “Para depois” pode gerar no leitor um efeito estético próximo a uma ideia de que o eu lírico vai recolocar na natureza algum tipo de reparo, o que é dito não se processa, no sentido de concretização, e pode ser plenamente entendido quando o campo semântico começa a ser descrito e amparado numa temporalidade pretérita parcial: “dormisse”, “acordasse” e “comesse”.

Chega até deixar pendente a palavra para “p”. Essa supressão vocabular conecta-se com a extensão do grito que foi distorcida pela rouquidão.

O tempo desse poema estende-se num dinamismo veloz e elástico e aos poucos dilui a aceleração da vida ordenando um sentimento quase tranquilizador e acomodante das condicionantes sociais.

Esse poema nos faz pensar numa questão fundamental da literatura que é o vir a ser. A arte nos faz pensar na possibilidade de transcendermos os valores e enquadrantes da existência pelo ato inconcluso da vida posto diante do homem.

O poema vislumbra a suspensão do viver, realidade colocada pelos escritores românticos que não avançaram em direção da dimensão monumental da vida e buscaram investigar o interior humano.

Não é o caso desse poema que fere a perspectiva onírica, deixando o eu subjetivo mergulhado na grandiosidade do aqui-agora”.

UM FORTE ABRAÇO, PAULO REBELO

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