COR SANO*

COR SANO
❤❤❤

🖋️Alô, amigo-A, após um longo período de jejum, resolvi voltar a escrever, e foi a partir de um título de um colega médico, FÉRIAS NO MEU MUNDO. É um texto saudosista, pois senti falta das pessoas, que nem sempre estou ao seu lado.
Durante minha convalescença, nas longas madrugadas pude refletir sobre vários aspectos de minha existência e temas. Espero que aprecies o texto COR SANO (coração saudável), que no fundo eu quis dizer sobre a necessidade do homem estar sempre continente para uma vida plena (pois amanhã poderemos não estar aqui), e aproveitá-la melhor e muito ao lado das pessoas queridas e conhecidas, que encontramos nessa estrada da vida, e que nos causam momentos maravilhosos; tu és uma dessas muitas agradáveis pessoas que tenho o privilégio de conviver/conhecer.

P.S. Jurei a mim mesmo; escrevi o texto pensando em cada um dos milhões de amigos como tu, que resolvi jamais deixar de cuidar enquanto viver!

Um abraço fraternal!
Paulo Rebelo 🌸
🌻🌻🌻

🖋COR SANO
Por Paulo Rebelo

Aos que há tempos se foram
E por aí muitos estão por partir,
Quisera falar-lhes
A partir das funduras
De meu coração.

Ocorreu-me no instante
Em que percebi,
Que os excessos
De sons e imagens reais
E virtuais
Criaram em mim
Um mundo imaginário
E confuso,
Que me impediam
De enxergar e escutar
O essencial da vida:
O tique-taque de nossos
Corações.

É na imensidão
Dos desencontros da vida,
Quando ainda poderíamos
Tentar dizer-nos algo inefável,
Aliviando nossas dores,
Secando nossos suores,
Ao invés,
Agredimo-nos verbalmente
Ou calamo-nos num sepulcro,
Morrendo lentamente,
Afogando-se em mágoas
Passadas e distanciamento pétreo.

Assim, que sentimentos
São esses que vêm e vão,
Que nem aluvião,
Que sem sentir
Vão tomando-me pelo pescoço,
Nos afogando aos poucos,
E que nos assombram
Até o final de nossos dias,
Moendo nossa consciência
De remorsos?

Contudo, apenas
Com a força incognoscível
De nossos olhares Entrecruzados
Revela o nosso estranho Acumpliciamento,
Tal qual dois prisioneiros
Condenados pelo tempo
E local de estarmos juntos,
Pois eis que estamos
Na mesma longa
E sinuosa estrada,
Irmanados inevitavelmente,
Por vezes, por caminhos Diametralmente opostos,
Nem sempre agradáveis.

Ainda que vija um silêncio
Entre todos nós,
Quando teria sido
Melhor falado,
Menos ter ficado calado
Ou por outro lado, gritado
Até excruciar o penar,
Sem mais nenhum nó
Atado na garganta,
Daquilo que poderia
Ter sido esclarecido,
Algo inaudito,
Oculto ou proibido,
Indelével,
Jaz simbolicamente enterrado
Em nossos seios,
Que jamais pude expressar-me
Com clareza,
Tampouco compreender
Tal grandeza e profundidade,
Diante da disforia cotidiana,
Que nos fascina
E sufoca,
Que em meio a perturbadora
Acatisia,
De repente todos se foram,
Deixando grandes espaços
Ermos e monotonia
Dentro de mim,
Que nada nem
Ninguém preenche,
A não ser tu
Com tua providencial
E bem-vinda presença,
Essa estranha onisciência,
Própria dos verdadeiros
Amigos,
(sempre dispostos a ajudar),
E de tantos outros,
Que estiveram ao meu redor,
Sem que eu lhes tivesse dado
A verdadeira importância,
Por nossas ideias,
Nossos sonhos, fantasias,
Planos conjuntos,
Nossas alegrias
E gargalhadas incontidas.
Pois, era nas nossas
Intermináveis
Conversas jogadas fora,
Durante nossos almoços
Domingueiros,
Nosso passa tempo preferido
Tirar sarro um do outro,
Em meio ao banho de rio,
Que nosso amor fraternal
E impagável se fortalecia
E se eternizava
Nas minhas doces
Lembranças.

Foi por essa
e tuas sentidas ausências,
Algo que se tornou
Insuportável
Tamanha saudade para mim,
Que resolvi voltar
A te reencontrar.

Na incompletude do recôndito
De minh’ alma,
Quando um dia poderia
Ter passeado
E me andado muito mais
No mundo das delicadezas
De um COR SANO,
E tirado férias de uma rotina,
Que me exauria
E me distanciava
de todos,
Eu tratava de ocupar-me
De coisas sem sentido
Ou de pouco
Valor humano.
Ora, eu errei!

E eu que distraidamente
Jamais imaginei,
Nem me dei conta
De que um dia
Iriam todos embora,
Um a um, deixando-me sozinho
Com meus vagos pensamentos
E memórias perdidas no tempo,
Quando em meio à crises
De revoluta catexia,
Me penitenciei;
voltei para saldar
minha eterna dívida
Com meus companheiros
De muitas jornadas.

Sim, saiba que quem sempre
Esteve ausente de tua vida
E de tantas outras fui eu! (perdão).

E apenas com bilhete de ida,
Fui para lugares tão distantes
E desconhecidos,
Que por puro egoísmo,
Puerilidade,
Orgulho e vaidade,
Apenas eu mal sabia o destino
E por isso fui me embora
Sem olhar para trás
E jamais voltei,
E agora arrependido,
Estou de regresso
Por meio dessas
Tocantes linhas,
Que te chegam,
Para estar ao teu lado,
Finalmente,
Para sempre através do forte
Abraço fraternal
De nossos corpos e almas.

💐💐💐

De Paulo Rebelo, o médico poeta.

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