A CABEÇA DO EX-POBRE QUE NÃO SAIU DA POBREZA*

A CABEÇA POBRE
Por Paulo Rebelo

A CABEÇA do estudante de medicina de origem pobre não necessariamente deva manter-se na pobreza.

Infelizmente, muitos persistem nela. O pensamento de uma das jovens vestibulanda de medicina do vídeo, expondo o seu drama é superficial e imaturo (espero que tenha tido sucesso no vestibular).

Fui pobre e vivi num ambiente social adverso, de onde fui apoiado pela família e por algumas boas pessoas. Aos 14 a, conquistei uma bolsa de estudos integral e vivi nos EUA. Foi um divisor de águas na minha vida. Hoje, sou médico, egresso de classe média inferior, casado com médica, cujos pais pertenciam à mesma classe. Desde jovens, trabalhamos duro a vida toda e muito para educar nossos cinco filhos, hoje, médicos, sendo duas filhas de coração.

Pergunto: onde está o problema em buscar ascender socialmente e fazer parte de uma classe média, rejeitada pela esquerda, ironicamente, chamada de “privilegiada”, como se perpetrássemos um crime social? O discurso é de inveja, despeito, ressentimento e rancor.

Alguns médicos (ex-pobres), depois de tanta dificuldade, sofrimento, discriminação e rejeição, têm um comportamento reprovável (isso explicaria o porquê, quando tornam-se médicos-as, sentindo-se superiores, dado à má educação familiar, tratam mal as pessoas sob seus cuidados, fruto da rejeição inconsciente à pobreza em que viviam. Curiosamente, como instinto de sobrevivência diante da competição acirrada no andar superior da sociedade, continuam sendo bajuladores de quem está acima deles.

Afinal, que mal fizemos? A nossa conquista pessoal e familiar, isso não caiu de céu! Por que essa verborragia de vitimismo a partir de uma suposta elite fabricada para excluir o pobre?
Por fim, o grande sonho da intelligentsia socialista, leia-se patética “burguesia esquerdista”, é criar uma casta de médicos doutrinados “comunistas”, ditos “humanistas” para chamar de sua, para demonstrar o suposto sucesso dessa falácia ideológica. Assim, haja incentivo petista para “cotas raciais” e “Programa Mais Médicos”, para cuidar dos pobres “rejeitados” pela “elite médica”, para espanto dessas das elites, que pirariam de ver um índio, pobre, preto e favelado tornar-se médico. Que bravata! Para completar o populismo, a esquerda facilita a entrada de mais milhares médicos no Brasil, sem o REVALIDA, graduados em países como Cuba, Paraguai, Bolívia, Argentina, que com baixo conhecimento estudantil, são incapazes de enfrentar a natural concorrência do duríssimo vestibular (seja público ou privado), procurando o “caminho mais fácil” (o que, obviamente, não é). A medicina não é enriquecida através dessa ladainha socialista e sim, através da ciência médica exercida com seriedade e por quem se entrega a elas, sem ideologias nem traumas psíquicos.

Por Paulo Rebelo, médico.

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