DELIVERY*
O trabalho como entregador de mercadoria não exige nenhuma qualificação profissional nem atestado de bons antecedentes. Apenas acredita-se ou finge-se acreditar que haja idoneidade de todos os envolvidos no negócio: o cliente, o aplicativo, a empresa e o serviço de delivery. Esse trabalho é subemprego e em tempos de dureza, bons e maus estão no mesmo barco à deriva. Todos estão ali necessitados. É uma época de sobrevivência e aí há uma guerra travada diariamente, aliviada e mascarada por aplicativos de grande alcance social; uma saída honrosa, mas é exploradora e de escravizados. Trabalha-se por um percentual muito baixo em cima dos produtos. É migalha, mas hão de dizer: “antes pouco do que nada”, “de grão em grão a galinha enche o papo”, “antes isso do que roubar”. Para o aplicativo é uma “oportunidade” de enriquecimento. Para a maioria é uma benção, ainda que indigesta e para poucos, lamentavelmente, é um momento para malandragem.
Paulo Rebelo