O POBRE QUE DEU CERTO*
A MATÉRIA demonstra a má fé do constrangedor discurso do “pobre que deu certo” e como “vingança”, lavando a alma, atirar o seu sucesso no rosto de seu algoz, daquele que julga ter sido a causa de sua vida desfavorável: a burguesia.
É perigosa a MANCHETE confrontadora e divisionista abaixo, lamentavelmente, própria de gente perturbada mentalmente pela crônica pobreza, com reflexos numa autoestima diminuída e uma sensação de pseudo segurança, construída sobre bravatas, cuja base é triste e rancorosa.
A pessoa pobre que, a despeito da dificuldade vence na vida, tem tudo para ter sucesso (aqui e no estrangeiro)e merece nossis aplausos; é benvinda à classe média, mas para ser realizada, teria que abdicar do mórbido discurso exibicionista do pobre fracassado que deu a volta por cima, reflexo de recalques e complexos de inferioridade. Seu mantra do fracasso é: “eu sou pobre porque o rico é rico”.
Ganhei uma bolsa de estudos há muitos anos e estudei nos EUA. Isso mudou minha vida, dando asas à ela. Sou egresso de família humilde. Hoje, sou médico, casado com médica e com três filhos médicos e duas acadêmicas de medicina. É patético e constrangedor culpar a sociedade pelos seus fracassos e frustrações e ao ter sucesso, jogá-lo no seu rosto. Por que essa amargura e azedume? Se não mudar o pensamento e daí o ressentimento, essa gente até poderá sair da pobreza física, sim, mas jamais sairá da pobreza emocional. É o conselho que lhes daria (para família toda).
Desejo-lhes sucesso.
Paulo Rebelo